quarta-feira, 9 de julho de 2008

O Homem Possível

Achei esse texto num disquete (!!!) e me senti no direito de publicá-lo. Foi Malthus quem escreveu e, afinal, agora somos casados e esse texto foi escrito pra mim há muito tempo, então também me pertence! Lá vai:
*
O Homem Possível
*
O coração de uma mulher é um imenso lago cercado de flores e exerce sobre nós, homens adoradores do sexo feminino, uma atração inevitável e irrefutável. E sempre nos deparamos com as profundezas desse lago onde habitam seres e totens que só poderíamos encontrar no mundo mulher. E se o coração é assim, imagine a cabeça delas, a mente que reage aos estímulos profundos desse lago e rege as ações, os pensamentos e, em certo ponto, a nós, adoradores.

E foi do fundo dessas águas turvas que eu vi erguer-se, ou melhor, ouvi erguer-se uma estátua emblemática no meio das flores: o homem possível. Nós conversávamos, eu e minha namorada e ela me falou disso.

Passei algum tempo pensando sobre o assunto e na pergunta inevitável: o que cargas d’água vem a ser isto? Homem possível? Será que eu sou um homem possível? E cheguei a conclusão de que homem possível era aquele que elas podem tocar. E chegar a essa conclusão só me fez suscitar mais algumas dúvidas e aqui eu as exponho, mulheres que lêem isto agora, e desculpem-me se em algum ponto eu for falho, são só conjecturas.

Dizer que esse ou aquele homem se pode tocar, primeira conclusão dedutiva, é dizer que ele está num raio de ação realizável para os padrões de exigência feminina, ou seja, o cara não é feio, mas também não é tão bonito. É só possível. Sabe aquele ator de cabelos calculados, pele impecável, olhos irresistíveis, conversa mela calcinha? Pois é, este é o homem oposto. Mas não nos desesperemos, homens comuns, desbravadores da Atlântida lagunar, ainda há uma luz no fim do túnel, ou melhor, do lago.

É só saber que você, reles mortal, é comum, mas é concreto e não um mito, um emblema, um ícone distante que habita o inefável e o intangível feminino. Elas, assim como você, também possuem um ideal de beleza e também têm suas inseguranças e algumas flores que não caem na água do lago, e aí está o nosso trunfo: estamos sempre perto, somos reais, possíveis, somos nós que estamos ao lado na hora do sexo, do choro, do sorriso, da alegria, da tristeza; é ao nosso lado que elas constroem e realizam planos e sonhos, por que somos feitos do cimento e lágrima (viva Chico e sua construção) e não de material onírico.

E se somos de verdade e transitamos pelo mundo real, essa é a segunda conclusão dedutiva: eles, os deuses, transitam no ufano e para tornarem-se reais, precisam concretizar seus sentimentos e ações e aí vem mais um coringa nosso no baralho da vida: assim como o lago feminino esconde segredos inconfessáveis, a ilha masculina esconde dragões e belas estátuas em mármore e nenhum rosto maquiado pode dar qualquer sinal do que vai se encontrar.

Não somos nenhum exemplo de beleza, mas modéstia à parte, não fazemos feio em nosso meio, dos comuns, quando tomamos uma cerveja ou simplesmente habitamos o mundo, na calçada conversando, na sala de aula, no centro tumultuado da cidade. É exatamente aí, nas esquinas reais da vida que nós, homens possíveis, encontramos as mulheres possíveis, sabe, aquelas que não são nenhuma capa de revista, mas as que nos olham pessoalmente, bem de perto. E se ela não nos oferece a mão... Bem, nós vamos lá e pedimos, afinal, mitos e espelhos sempre existiram na história da humanidade, mas homens, só nós, os comuns.
*
Malthus de Queiroz

7 comentários:

Malthus de Queiroz disse...

Começo de carreira é phoda. hehehe bjs

Catarina de Queiroz disse...

Eu coloquei porque achei interessante sua observação do universo feminino. Bjs, meu amor :D

Ana Carolina da Fonte disse...

Oi Cats, nem sabia que vc tmb estava com blog. Depos vou botar o seu nos meus blogs favoritos. Saudades de vc amiga. Sua filha que eu nunca cheguei a ver deve ta enorme!! Gabriel ta um hominho mas com a mesma carinha que eu conheci. Beijosss.

Casa Inabitada disse...

Oi Catarina ^^

Pelo bolg de Malthus, achei o seu.
Eu virei aqui sempre, adoro ler blogs, embora nem sempre comente.

Beijão pra você e pra sua família lindíssima xD

Virgínia Celeste

Catarina de Queiroz disse...

É engraçado que todo mundo que eu conheço (família e amigos, até eu!), ocasionalmente, chamam Felipe de Gabriel! Pra quem não sabe: Felipe é meu filho e Gabriel meu irmão, mas se Felipe fosse filho dele não seria tão parecido. Felipe lembra Gabriel em todas as características! Às vezes eu o chamo assim e ele faz: "Sou Felipe, mamãe!". Bjs pra todos!

Anônimo disse...

Que texto hein...Esse habitaria a revista Claudia numa boa. Excelente análise. Que bom que vocês encontraram seus pares possíveis...eu também..ehehhe..

Catarina de Queiroz disse...

Sempre há um alguém possível para todos. O problema aparece quando as pessoas teimam em ficar com os impossíveis. Aí é uma decepção geral.