Tranquilidade. Coisa que quase não tenho. Que saudade do tempo em que eu me sentava, na hora do recreio, debaixo de uma árvore, e aprendia a assobiar com os pássaros.
Procure, com muita atenção, os sinais. Eles estão lá, bem à nossa frente. Mas você tem que saber com que olhos vai vê-los. Acontece sempre quando mais precisamos. Com que olhos você vai vê-los? A vida nos apresenta um caminho. Nós escolhemos a porta pela qual vamos passar para segui-lo. Nós escolhemos as ferramentas que vamos levar ao longo da viagem e nós decidimos qual bagagem vamos continuar carregando por todo o trajeto e o que vamos deixar pra trás, o que não tem tanta importância e tem um peso insuportável.
Os sinais nos ajudam a decidir. São pequenas pistas sendo decifradas a todo momento. Rostos nas nuvens, cheiro de flores onde não há flores, calafrios, imagens na neblina, sonhos. Não esqueça de prestar muita atenção, é a sua vida que vai passando bem diante dos seus olhos. A borra do chá ou do café. Vai me dizer, do fundo da sua alma e com total certeza, que tudo isso é besteira? Você é quem sabe... afinal, quem sou eu para saber de alguma coisa? E quem é você pra saber? “A complete unknown like a rolling stone.”
Não somos nada senão grãos infinitamente minúsculos diante da grandiosidade da existência. Somos ridículos. Quase não existimos. Mas estamos aqui e fazemos parte do todo e não podemos dar as costas para o resto. Não se supervalorize. Aceite sua participação e seja completo. O todo fica incompleto sem você. Pegue apenas o que é seu e faça parte de tudo. Deixe o que é dos outros. Carregue apenas o seu fardo, que já é pesado demais, e não se preocupe. O mundo não vai acabar porque você não tomou conta da vida de todo mundo. Vai ser por outro motivo.
Durmo tarde, acordo cedo, sou mãe, esposa, amiga. Amo, choro, brigo, perdôo, vivo... Descobri o amor pela Arquitetura e resolvi estudar de novo! Voltei à universidade para um segundo diploma.
Obrigada pela leitura!
Deixa o corpo falar de ti, pois tudo Nele arde antes de pensar. Deixa O sorriso dizer que estás bem e o brilho De tuas retinas, que enxergas luz nas trevas.
Deixa o canto que se escapa da tua boca Falar do coração que transborda ; é de lá que ele vem. Deixa as mãos dizerem resolutas que me amas E que teus pés retornarão amanhã, pela mesma porta que partires.
Mas se não fores voltar amanhã, antes da noite em mim anunciada, Por qualquer motivo que seja, porque viste outras estrelas Ou simplesmente porque não sabias de ti mesma E te perdeste no labirinto das portas das ruas
Deixa que o silêncio fale da saudade À inércia de meu corpo. Deixa o vazio dizer Que posso te recriar imagem qualquer e que a vida São palavras deixadas no fogo eterno de nossos seres.
Soneto do Amor Total Vinicius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude.
A Rosa Desfolhada - Vinicius de Moraes
Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa
Teu toca-discos, nosso retrato
Um tempo descuidado
Tudo pisado, tudo partido
Tudo no chão jogado
E em cada canto
Teu desencanto
Tua melancolia
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia
E logo o espanto e logo o insulto
O amor dilacerado
E logo o pranto ante a agonia
Do fato consumado
Silenciosa
Ficou a rosa
No chão despetalada
Que eu com meus dedos tentei a medo
Reconstruir do nada:
O teu perfume, teus doces pêlos
A tua pele amada
Tudo desfeito, tudo perdido
A rosa desfolhada
Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.
Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...